quinta-feira, 12 de julho de 2012

Gripe Ou Resfriado ?

   Dores pelo corpo e de cabeça, garganta inflamada, tosse, febre, coriza... Será gripe? Ou será um resfriado? Embora apresentem sintomas extremamente parecidos, essas são duas doenças diferentes.
   O resfriado é uma infecção branda e costuma ser causado por vírus pertencentes à família Rhinovírus, que conta com mais de 100 tipos. Já a gripe – também conhecida como influenza – pode afetar seriamente o organismo graças à ação dos vírus conhecidos como influenza A (FLU A), influenza B (FLU B) e influenza C (FLU C). Embora as duas doenças possam levar a complicações como, por exemplo, inflamações no ouvido, bronquites e pneumonia, a gripe gera maior preocupação entre pesquisadores e profissionais de saúde devido ao alto poder de transmissão e mutação de seus agentes infecciosos. Isto é, os vírus causadores da gripe conseguem assumir novas formas e se espalhar rapidamente entre as pessoas resultando em epidemias da doença.


   A transmissão da gripe entre humanos se dá por meio de gotas de saliva e outras secreções das vias aéreas. Embora seja mais comum a transmissão de pessoa a pessoa, também é possível adoecer a partir do contato com objetos contaminados, como, por exemplo, talheres, lenços e teclados de computador, já que os vírus da gripe se mantém viáveis – com plena capacidade para entrar em um organismo e aí se reproduzir – no ambiente por cerca de uma hora. Os vírus influenza são vírus envelopados.
 
 Isso quer dizer que, além da membrana celular que envolve e protege seu material genético, esses vírus têm uma camada de material extra, um envelope feito de gordura. Na superfície desse envelope encontram-se duas proteínas: a hemaglutinina e a neuraminidase. Cada uma dessas proteínas apresenta várias configurações diferentes e suas múltiplas combinações dão origem aos subtipos ou variantes virais.

 Dos três vírus causadores da gripe, o FLU A é aquele com o maior número de combinações dos diversos sorotipos – as configurações – de hemaglutinina e neuraminidase. Por causa de sua grande capacidade de mudar de forma, isto é, sofrer mutações, o FLU A está associado às epidemias de gripe mais devastadoras da história, as chamadas pandemias.

   Quando você lê nos jornais, por exemplo, sobre uma infecção causada pelo vírus H5N1, está lendo sobre uma variante do FLU A que tem em sua superfície o sorotipo cinco da proteína hemaglutinina e o sorotipo um da neuraminidase. Os cientistas conhecem, ao todo, 16 sorotipos de hemaglutinina e nove de neuraminidase. Prevenindo-se Vacinação. Ministério da Saúde.

   A vacinação é a principal forma de prevenção contra a gripe. Mas é muito difícil produzir um imunizante contra um vírus com grande capacidade de mutação. Você pode pensar na vacina como uma pequena armadilha: ao mudar de forma, o vírus consegue escapar ao seu encaixe e não é mais capturado. Então uma pessoa pode ficar doente mesmo tendo se vacinado? No caso da gripe, pode. Ainda assim a vacinação é importante pois, além de proteger contra os tipos e variantes mais comuns, confere imunidade relativa em relação a algumas das novas formas assumidas pelos vírus. São dois os meios pelos quais os vírus mudam de forma. O chamado rearranjo gênico (antigenic shift, em inglês) acontece somente com o FLU A: por esse processo, material genético de uma variante animal e de uma humana se misturam, habilitando a variante, até então só capaz de infectar animais, para afetar também seres humanos. Já o desvio gênico (antigenic drift, em inglês) acontece nos três tipos de vírus causadores da gripe: um erro durante a multiplicação do vírus dentro das células resulta na alteração de algum de seus aminoácidos – cadeias de moléculas que formam as proteínas. Embora seja possível, não é comum que as alterações provocadas por meio do desvio gênico levem o vírus a cruzar a barreira entre as espécies.

  Ao contrário das alterações provocadas pelo rearranjo gênico, as alterações surgidas a partir do desvio gênico costumam ser pequenas. Imunidade relativa é justamente a resistência que o organismo desenvolve aos vírus que mudaram de forma por meio do desvio gênico. Ou seja, mesmo não ficando totalmente presos na armadilha, os vírus mutantes têm seus movimentos limitados pela vacina. O resultado? Quando surge, a infecção é sempre mais leve do que seria caso a vacina não tivesse sido tomada. Buscando aumentar a eficácia das vacinas contra gripe, os pesquisadores também as atualizam todos os anos. Hoje em dia, as vacinas incluem as variantes H1N1 e H3N2 do FLU A e o FLU B – atuais vírus em circulação no mundo.


   No Brasil, anualmente é organizada uma campanha nacional de vacinação contra gripe voltada especialmente para maiores de 60 anos. Sabe por que os idosos são o público alvo dessas campanhas? Porque são eles os que têm mais facilidade para desenvolver complicações associadas à gripe: o sistema de defesa do organismo perde sua vitalidade conforme envelhecemos, ficando mais fraco para combater as infecções. Pessoas com doenças crônicas do coração, do pulmão, dos rins e portadores de HIV/Aids também devem tomar a vacina, pois apresentam o sistema imunológico fragilizado e uma gripe pode piorar seu estado de saúde. Crianças de até dois anos também, já que as defesas do organismo ainda não estão completamente formadas nessa idade.

  Em períodos de epidemia, alguns cuidados simples como evitar aglomerações e isolar os doentes também ajudam a prevenir o contágio e a conter o surto de gripe. Cuidando dos doentes Para o tratamento dos doentes existem dois grupos de remédios: os bloqueadores de canal e os inibidores de neuraminidase. Quando um vírus entra no nosso organismo, as células do sistema imunológico o comem para evitar que cause algum dano à nossa saúde. Para comer o vírus, as células de defesa o englobam numa estrutura chamada lisossomo ou vacúolo digestivo. Só que, ao tentar digeri-lo, acabam por permitir que seu material genético alcance o interior celular e, uma vez que isto tenha acontecido, a célula passa a ser comandada pelo vírus, funcionando como uma fábrica de novas unidades.

  Os bloqueadores de canal agem justamente no momento em que o vírus está preso no lisossomo, impedindo que este se desfaça liberando o genoma viral e dê início à infecção. Os inibidores de neuraminidase funcionam, ao contrário, no final do processo. Uma vez que a célula tenha se transformado numa pequena fábrica de vírus, os inibidores impedem que ela libere as novas unidades. Ou seja, os inibidores de neuraminidase impedem que o vírus se espalhe pelo nosso organismo.

   Os inibidores são remédios mais modernos que os bloqueadores de canal e não provocam tanto o aparecimento de vírus resistentes. Além dos bloqueadores de canal e dos inibidores de neuraminidase, remédios que aliviam os sintomas da gripe como, por exemplo, analgésicos para as dores do corpo e de cabeça, também podem ser prescritos pelo médico para o tratamento dos doentes.

sábado, 28 de abril de 2012


ÚLCERAS CRONICAS

  Atualmente, úlceras crônicas nas pernas são um problema mundialmente grave, sendo responsáveis por morbidade significativa, além de provocarem considerável impacto econômico. Seu acompanhamento requer acompanhamento por equipe multidisciplinar freqüente, curativos diários e perda de dias trabalhados em idade produtiva .
  Além disso os episódios de infecções secundárias comumente levam a complicações como linfangite, linfadenite e celulite, freqüentes causas de internações com repercussões sobre custos .

   A incidência e prevalência de úlceras crônicas é ainda extremamente alta, repercutindo em elevados custos financeiros e profundas conseqüências sociais sobre os portadores, os quais com freqüência desenvolvem seqüelas que podem levar à perda de membros e de suas funções, com afastamento do trabalho e de suas atividades normais .


   Existem várias causas etiopatogênicas para as ulcerações da perna. É de suma importância determinar a causa para orientação terapêutica, o que exige exame meticuloso das características da úlcera e das condições dos tecidos circunvizinhos. A ulceração deve ser observada quanto a localização, forma, borda, fundo, secreção, consistência, profundidade e condições dos tecidos vizinhos. Com esses cuidados, pode-se estabelecer se a úlcera está condicionada a processo vascular, infeccioso, parasitário ou a outros fatores coadjuvantes, isolados ou associados .


  Nos Estados Unidos têm sido desenvolvidos alguns sistemas que auxiliam os profissionais nesse processo de avaliação e facilitam a tomada de decisão sobre os procedimentos e recursos a serem utilizados. Entre eles, vários trabalhos relatado e difundido a utilização do sistema Red/Yellow/Black – RYB, proposto por Cuzzel, para classificação de feridas que cicatrizam por segunda intenção .

O RYB assim classifica as feridas:

  As vermelhas (Red) -incluem sítios doadores de enxertos, feridas pós-debridamento, feridas crônicas em cicatrização, em que predomina o tecido de granulação e novo epitélio. Nesse tipo de ferida, o objetivo do tratamento é favorecer o ambiente úmido, proteger os tecidos neoformados e prevenir a infecção;

  As amarelas (Yellow) – normalmente apresentam exsudato fibroso e seus tecidos são moles, desvitalizados; elas podem estar colonizadas, o que favorece a instalação de infecção. Nesse tipo de ferida o objetivo é identificar adequadamente a presença ou não de infecção e, neste último caso, promover o debridamento dos tecidos desvitalizados e estancar a infecção, preferencialmente por meio de terapia sistêmica;

  As pretas (Black) – apresentam necrose tecidual, com desnaturação e aumento de fibras colágenas, e conseqüentemente formação de escara espessa, cuja coloração pode variar entre castanho, marrom e preto. Nesse tipo de ferida, devido à presença do tecido necrótico, o objetivo é remover o tecido necrosado com a máxima brevidade, por meio do debridamento .

   Embora não haja dados precisos no Brasil, alguns trabalhos demonstram que o impacto psíquico, social e econômico das lesões ulceradas crônicas, em especial dos pés e pernas, representam a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil .

Avaliação do paciente

   A avaliação geral do paciente é um dos fatores mais importantes do processo de tratamento de feridas, toda e qualquer proposta de intervenção deve levar em conta não só a lesão a ser tratada, mas o portador da mesma, com suas características e necessidades .

   Devem ser consideradas algumas ações, tais como diagnosticar os fatores intrínsecos (decorrentes das condições gerais do paciente) e extrínsecos, que possam interferir na evolução do processo cicatricial; identificar as expectativas do cliente e da família, suas possibilidades econômico-financeiras de manutenção.

   Avaliar, quanto ao custo-beneficio, a relação entre medidas preventivas mais simples e tratamentos mais complexos; avaliar a disponibilidade do paciente e da família para realizar o curativo e a facilidade de utilização do recurso selecionado; avaliar os fatores que possam interferir na aderência ao tratamento proposto e em sua continuidade; buscar a independência, estabelecendo um planejamento que leve o paciente ao autocuidado. inúmeros trabalhos têm demonstrado que portadores de feridas crônicas se tornaram dependentes de cuidadores familiares ou profissionais, devido a falhas no processo de educação para o autocuidado (1).

   Outros têm salientado que as lesões da pele, especialmente as crônicas, provocam alterações de auto-imagem, e os indivíduos desenvolvem um processo de negação e resistência em relação a tais lesões, evitando olha-las, toca-las e delas cuidar; e promover a qualidade de vida além da cicatrização e do fechamento das lesões, pois o processo de tomada de decisão quanto aos procedimentos, recursos e tecnologias que serão utilizados deve buscar a preservação das potencialidades e bem estar das pessoas que os utilizam, e para isso é fundamental que haja participação, envolvimento e respeito às opiniões do paciente e da família .

Tratamento

Medidas Gerais

  O tratamento das úlceras à seguir abordado tem várias vertentes que vão desde fatores nutricionais, orientações para abandono do tabagismo, até medicamentos específicos para ulcerações .


 Vitamina A – foi demonstrado que a vitamina A restaura a secreção de TGF-beta pelos macrófagos em pacientes em uso de corticosteróides, o que reforça a necessidade de vitaminas, na dieta de pacientes com ulceras ou no pré e pós cirúrgico. A vitamina A ativa enzimas dos ribossomas favorecendo a produção de colágeno.


 Vitamina C – a vitamina C ajuda a hidroxilação da prolina e da lisina, e sua deficiência retarda a produção de colágeno.


 Vitamina E – a vitamina E é um co-fator, também, da síntese de colágeno, sendo benéfico administra-la na recuperação de cirurgias. Há evidencias de que a Vitamina E restaura a cura de feridas a níveis próximos do normal em diabéticos.


 Proteinas – a deficiência de proteínas retarda a contração das feridas e, portanto, é importante uma dieta protéica adequada.


Medidas locais – Curativos

 É comumente aceito que as úlceras de perna devem ser debridadas se houver tecido necrótico ou debris para permitir a formação de um tecido de granulação adequando e epitelização. Existem vários métodos para desbridamento: autolítico, químico, mecânico, cirúrgico ou biológico .

 Poucos estudos de alocação aleatória compararam os efeitos dos curativos, embora haja um consenso geral de que o ambiente úmido acelere a cicatrização quando comparado com a exposição da ferida ao ar ambiente. Outro ponto em estudo é a utilização da medicina hiperbárica na terapia das úlceras.

 Existem cinco tipos de curativos oclusivos: hidrogéis, alginatos, hidrocolóides, espumas e filmes, cada um com vantagens e desvantagens, amplamente discutidas. A escolha do curativo dependerá do tipo da ferida, quantidade de exsudato, custo do curativo, além de preferências do próprio profissional. Uma descrição resumida das propriedades e indicações será apresentada à seguir.

 1. Hidrogéis – indicados em feridas dolorosas, pós-dermoabrasão, feridas por laser, peelings químicos, feridas mais superficiais, tem como vantagem o conforto semitransparente, não aderem às feridas, absorventes e como desvantagens curativos secundários e mudança freqüente no curativo;

 2. Alginatos – feridas muito exsudativas, feridas superficiais ou profundas, feridas em pós-operatório, são absorverntes, hemostáticos e requerem poucas mudanças de curativos, porém requerem curativos secundários, e tem o odor fétido do gel;

 3. Hidrocolóides – os hidrocolóides são indicados em feridas superficiais ou profundas, úlceras de pressão nos estágios 1 a 4, são fibrinolíticos, aumentam a angiogênese, absorventes, barreira física e bacteriana, porém são opacos e tem o dor fétido do gel;

 4. Espumas – as espumas são indicadas em feridas superficiais exsudativas, alívio de pressão, absorventes, assumem a conformação das feridas, no entanto são opacos, requerem curativos secundários, podem aderir à s feridas e;

 5. Membranas – as membranas bem indicados em sítios doadores, queimaduras superficiais, feridas superficiais com exsudato mínimo, são transparentes, barreiras bacterianas, aderentes, mas podem aderir às feridas, podem causar coleção de fluido.


BOTA DE UNNA


 As úlceras venosas ou de estase  são bastante correntes nos indivíduos com patologia venosa dos membros inferiores, apresentando uma taxa elevada de recidiva. A estase e a bainha de fibrina pericapilar actuam como uma barreira que imede a difusão de oxigénio e nutrientes para os tecidos. Estas úlceras ocorrem mais frequentemente no terço distal da face medial da perna, assumindo-se com regularidade dos bordos, leito plano e pele periférica com rubor ou dermatofibrose.

  Para além dos cuidados de penso, outras medidas como o repouso associado à drenagem postural do membro assim como a terapia compressiva são essenciais à resolução do problema.

  A bota de Unna, criada em 1896 por Paul Unna, utiliza uma ligadura impregnada de óxido de zinco, calamina e gelatina que se coloca no membro afectado até ao joelho.

  Existem várias marcas comercializadas, desde a Gelocast, Varicex, Flexidress, etc.

  A bota de Unna é útil como medida de terapia compressiva, aumentando o retorno venoso, funcionando também  como elemento protector da pele íntegra devido aos seus constituintes activos. Ela aumenta a função de bomba venosa, diminuindo os edemas presentes.

  No entanto é essencial que de antemão se garanta a ausência de patologia arterial comcomitante, mediante o apuramento do índice tornozelo braço com o doppler.

  Não deve ser usada em casos de arteriopatia periférica, insuficiência cardíaca descompensada ( além de devolver à circulação um excedente de líquidos suplementar  diminui o terceiro espaço que serve de depósito a fluidos em excesso), trombose venosa periférica e alergia aos componentes activos.

  A sua aplicação deve ser efectuada após o tratamento à úlcera da forma previamente planeada e seguir o seguinte método:

Lavagem do mebro
-Secagem cuidadosa do membro
-Manter o pé em um ângulo de 90 graus em relação à perna, que deve estar elevada e nunca pendente,  promovendo um maior conforto na deambulação
-Efectuar as voltas com a ligadura logo acima dos dedos do pé  na região metatársica continuando até ao nível inferior do joelho (abaixo do tubérculo tibial). Deve-se efectuar as voltas com 50-75% de sobreposição em largura  em cada círculo. É aconselhavel cortar a ligadura em cada volta após sobreposição de metade do perímetro ou efectuar pregas de forma a que a compressão devolvida pela bota após secar não seja demasiadamente constritiva, assim como facilitar a eliminação de rugas que diminuem a rigidez e por conseguinte a eficácia da bota.
   No entanto alguns profissionais desenvolvem as voltas de uma forma sucessiva, sem efectuar alívios periódicos. Não se deve imprimir uma compressão demasiadamente elevada, pois aos secar esta vai aumentar significativamente devido á sua rigidez, provocando desconforto e diminuindo a adesão à terapêutica.
  Deve ser aplicada uma ligadura elástica sobre a Bota, e usados apósitos absorventes sobre a bota nas zonas de úlceras para colectar o exsudado.
  A Bota de Unna é trocada semanalmente, ou mais amiúde no caso de exsudado abundante ou diminuição acentuada do edema que retira a efeciência de compressão à ligadura
  O paciente com Bota de Unna deve ser instruído a manter a perna seca e a usar um calçado confortável e largo. Deve ser também instruído a evitar ambientes muito quentes devido à sensação de picada que a Bota provoca com o calor.

Neste filme educativo, podemos observar um dos métodos que pode ser usado na colocação da bota de Unna.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE SUS

SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE SUS


ATENÇÃO BÁSICA

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Atualmente se dispõe de um conjunto de sistemas nacionais de informação de interesse para a saúde, gerenciado por órgãos do Governo Federal.
A operacionalização destes sistemas (coleta de dados, alimentação dos sistemas) acontece nos municípios, que devem transferir os dados consolidados, numa periodicidade preestabelecida para cada sistema e pactuada nos instrumentos de gestão, ao nível de governo estadual, que por sua vez, da mesma maneira, transmite ao Governo Federal.
A Lei Federal 8.080, de 1990, estabelece o papel das informações em saúde e a formação dos Sistemas de Informação.
Principais Sistemas de Informação em Saúde de Base Nacional – Atenção Básica: SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade.
SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos.
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.
SIS API – Sistema de Avaliação de Doses Aplicadas de Vacinas.
SIS AIU – Sistema de Apuração de Imunobiológicos Utilizados.
SIS EAPV – Sistema de Informação sobre Eventos Adversos Pós Vacinais.
SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica.
SisHiperDia – Sistema de Informação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus.
SISPRENATAL – Sistema de Informação do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN).
SIASUS – Sistema de Informação Ambulatorial do SUS.
SCNES/FCES – Sistema de Informação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE:

Os relatórios que o Sistema SIM permite acessar são de fundamental importância, para o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, porque contém informações sobre as características de pessoa, tempo e lugar, condições de óbito, assistência prestada ao paciente, causas básica e associada. Quando ocorrem óbitos naturais em domicílio, o médico assistente ou o Cartório de Registro Civil devem providenciar o preenchimento da DO. Os casos de óbitos sem assistência médica, em via pública ou por causas acidentais ou violentas devem ser, encaminhados ao Serviço de Verificação de Óbito ou o Instituto Médico Legal.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE NASCIDOS VIVOS:
O preenchimento da DN é feito nos estabelecimentos de saúde que realizam partos e nos Cartórios de Registro Civil para os partos domiciliares. Os formulários da DN são distribuídos nacionalmente pelo Ministério da Saúde. Para cada nascido vivo deve ser preenchido uma DN. A 1ª via da DN é entregue aos familiares para que levem ao Cartório de Registro Civil. Nos municípios modelo , as DN são recolhidas nos hospitais/maternidades, que remete uma via à Unidade Local de Saúde – ULS, para que a equipe de saúde acompanhe o recém-nascido e sua família.
Outra via é recolhida pelo Setor SINASC, para proceder os registros no Sistema. Assim como no SIM, após a crítica, o processamento e a alimentação do banco de dados, as Secretarias os enviam ao Ministério da Saúde. Como fonte de dados para conhecimento da situação de saúde, o SINASC contribui para obter informação sobre natalidade, morbidade e mortalidade infantil e materna e sobre as características da atenção ao parto e ao recém-nascido. Essa informações são essenciais para a atenção integral a saúde da mulher e da criança e possibilitam a adoção de medidas voltadas para o pleno desenvolvimento e crescimento infantil.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO:

O Sistema de Informação de Agravos e Notificação tem como finalidade a Vigilância Epidemiológica de determinados agravos. Em 1975, a lei que instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica também criou a obrigatoriedade da notificação compulsória de algumas doenças. O objetivo maior deste Sistema de Informações é o registro e o processamento dos dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional, fornecendo informações para a análise do perfil de morbidade e contribuindo dessa forma, para a tomada de decisões em níveis municipal, estadual e federal. Formulários de entrada de dados: a) Cadastro individual de notificação → esta ficha é preenchida por qualquer profissional de saúde, a partir da suspeita clínica da ocorrência de algum agravo de notificação, e enviada aos serviços responsáveis pela Vigilância Epidemiológica

SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
Por definição, o SISVAN é um sistema que visa o acompanhamento do estado nutricional de um certo grupo populacional, interferindo sempre que necessário, para evitar os agravos nutricionais. Os grupos populacionais prioritários para o acompanhamento, atualmente, são todas as crianças com idade entre 0 a 5 anos que freqüentam a rede municipal de saúde e todas as gestantes que fazem o pré-natal na rede municipal de saúde.

SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE DOSES APLICADAS DE VACINAS:
Registra dados sobre doses de vacina aplicadas em serviços de rotina e em Campanhas de Vacinação. A sua implantação foi iniciada em 1993. Este Sistema permite realizar o acompanhamento e a avaliação da cobertura vacinal, tanto do município, como no Estado e no País.

SIAB – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA
Foi desenvolvido pelo DATASUS, em 1998, para coletar dados de produção, realizado pela equipe das Unidades de Saúde, e sistematizar dados coletados nas visitas às comunidades, realizadas pelos agentes comunitários de saúde, a pedido da equipe do COSAC – Coordenação de Saúde da Comunidade /Secretaria de Assistência a Saúde – Ministério da Saúde. A digitação da produção, para a alimentação do SIAB, é realizada no Setor de Informação.
A transferência de Recursos Financeiros do Ministério da Saúde, que depende da apresentação produção do SIAB, refere-se ao PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde e PSF - Programa de Saúde da Família, inclusive o Programa de Saúde Bucal do PSF.
Os instrumentos de coleta de dados do SIAB são: relatório PMA2, relatório SSA2, ficha D, ficha C, ficha B-GES, ficha B-HA, ficha B-DIA, ficha B-TB, ficha B-HAN. O RELATÓRIO SSA2 é o Relatório da Situação de Saúde e Acompanhamento das famílias da área. É preenchido pelos agentes comunitários de saúde. O relatório SSA2 é utilizado para sistematizar os dados coletados nas fichas B, C e D. Fichas B: ficha B-GES (gestante), ficha B-HA (hipertenso), ficha B-DIA (diabético), ficha B-TB (pessoas com tuberculose), ficha B-HAN (pessoas com hanseníase). São fichas de cadastramento e acompanhamento mensal, do estado de saúde de pessoas com as seguintes situações: gestante, hipertenso, diabético, pessoa com tuberculose e pessoa com hanseníase. As fichas B são utilizadas somente pelos agentes comunitários de saúde.
Ficha C: é utilizada para registrar o acompanhamento da criança. É a cópia do Cartão da Criança padronizado pelo Ministério da Saúde. É utilizada somente pelo agente comunitário de saúde. Ficha D: é utilizada para o registro diário dos procedimentos e atividades realizadas por todos por todos os profissionais da equipe de saúde. São registradas as visitas domiciliares e as reuniões na comunidade realizadas pelo agente comunitário de saúde. A Ficha D apresenta campos, para registrar a produção individual dos demais integrantes da equipe de saúde. Quanto ao registro das atividades de saúde bucal, atualmente, a ficha D, registra, somente, os procedimentos coletivos de odontologia e a visita domiciliar realizada pelo odontólogo. O relatório PMA2 é o Relatório de Produção e Marcadores para Avaliação. O relatório PMA2 é utilizado para sistematizar as fichas D de todos os profissionais da equipe de saúde, inclusive a ficha D dos agentes comunitários de saúde. As fichas do SIAB que devem ser enviadas ao Setor de Informação, para digitação de dados da produção mensal, são: relatório PMA2 e relatório SSA2.

SISPRENATAL:
Sistema de Informação do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) Foi criado pelo DATASUS, em 2001, para coletar dados de consulta pré-natal (inclusive dos exames realizados e vacinas) e consulta do puerpério realizados nas Unidades de Saúde municipais. O registro do parto é realizado na Maternidade. É o SIS do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimentos do Ministério da Saúde (PHPN).
A Transferência de Recursos Financeiros do Ministério da Saúde que depende da apresentação da produção do SISPRENATAL é referente ao Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimentos do Ministério da Saúde. Este é um Recurso Financeiro Extra-Teto, que é repassado, conforme produção apresentada.
SisHiperDia – Sistema de Informação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus Foi criado pelo DATASUS, em 2002, para cadastrar as pessoas usuárias do SUS que têm hipertensão, diabetes, ou hipertensão e diabetes, afim de garantir a disponibilização dos medicamentos, fornecidos pelo Ministério da Saúde, para o tratamento dessas doenças.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Primeiros Socorros para crianças

As crianças podem nos surpreender e, em segundos, se envolverem numa situação de risco. Cortes, quedas, engasgos e queimaduras são alguns exemplos. Você sabe como prestar os primeiros socorros a uma criança? Prestar os primeiros socorros é muito diferente de medicar. Estamos falando da primeira assistência a quem precisa. O passo seguinte é procurar um hospital para se certificar que está tudo bem. Veja as orientações para os procedimentos mais apropriados em situações de emergência.

ENGASGOS:
O que fazer: a técnica indicada para crianças de até sete anos é a da tapotagem. Consiste em inclinar o corpo da criança para frente e, com as mãos em concha, bater nas costas, até que o corpo estranho saia pela boca.

Após essa idade, se aplica a Manobra de Heimlich, conhecida como compressão abdominal. Essa técnica é parecida com abraçar uma pessoa pelas costas e fazer compressão com a mão para dentro e para cima, ao mesmo tempo. Antes dos sete anos, a manobra não é indicada, por ser mais agressiva. Não aplicada corretamente, poderá comprometer as costelas da criança.

O que NÃO fazer: o reflexo imediato de muitas mães, de tentar tirar o que está obstruindo as vias respiratórias, colocando o dedo na garganta da criança, não é indicado caso o objeto não esteja visível e com fácil acesso. Isso pode fazer com que o problema se agrave.

QUEIMADURAS:
O que fazer: queimaduras por líquido quente são frequentes em crianças. O mais indicado, se for uma queimadura leve, é colocar a parte do corpo queimada debaixo de água corrente por 15 minutos. Se a queimadura for muito grave e a pessoa não estiver respirando, é preciso fazer respiração boca a boca. Nesses casos, chame o SAMU (192) imediatamente.

O que NÃO fazer: ao contrário do que muita gente pensa, não se deve passar pasta de dente ou colocar pó de café.


INTOXICAÇÃO:
O que fazer: o mais indicado é levar a criança para um hospital. Se possível, leve também a embalagem do produto ingerido, para que os médicos possam prescrever os procedimentos mais eficazes.

O que NÃO fazer: uma coisa que muitos fazem erradamente é dar leite para cortar o efeito. Não é indicado. Da mesma forma, tentar fazer a criança vomitar também não é recomendável. O melhor mesmo é levá-la a um médico.



FRATURA E TORÇÃO:
O que fazer: o único jeito de saber se houve ou não fratura, quando ela não é visível, é fazer uma radiografia. O que se deve fazer inicialmente é colocar gelo no local, observar o inchaço e verificar se tem hematoma (região roxa). Se a inchação continuar e tiver muito hematoma, é possível que tenha havido uma lesão óssea. Além de diminuir o inchaço, o gelo acalma a dor. Se a dor persistir, procure um hospital.



QUEDA:
O que fazer: se bateu a cabeça, a criança deve ser examinada por um médico. Os responsáveis devem ficar atentos a vômitos e ao estado geral da criança. Se ela estiver entristecida, confusa ou não dormir bem, deve-se levá-la ao hospital imediatamente.

O que NÃO fazer: não deixar a criança dormir se ela bater a cabeça é um mito. Isso foi criado porque pensavam que, nesses casos, ela poderia entrar em coma. Mas uma pessoa dormindo, com respiração e batimentos cardíacos normais, é diferente de quem está em processo de perda de consciência.

CORTE:
O que fazer: o local deve ser lavado com água e sabão. Depois faça uma compressão com gaze ou pano limpo, para estancar o sangramento. Se o corte não for superficial, é melhor procurar um hospital para avaliar a necessidade de dar pontos. Deixar para suturar depois pode inviabilizar o procedimento, porque, em poucas horas, o risco de infecção aumenta e a sutura deixa de ser recomendada.

AFOGAMENTO:
O que fazer: a primeira providência é verificar se a criança está respirando. Se não estiver, deve-se iniciar um procedimento conhecido como Reanimação Cardiopulmonar (RCP).
Essa técnica é complexa e o ideal é aprendê-la através de um treinamento específico. Se ninguém souber e não houver tempo para chamar socorro, a respiração boca a boca é mais simples. Ventila-se duas vezes dentro da boca da vítima, mantendo as narinas fechadas.

TRANSPORTE DE VÍTIMA:
O que fazer: chamar a ambulância. Transportar, por conta própria, alguém que sofreu algum tipo de trauma é perigoso. Em casos de fratura, o transporte deve ser realizado com o membro fraturado sobre uma superfície plana. Em casos de suspeita de trauma na coluna, deve-se evitar manipulações e solicitar remoção por uma ambulância. Só o transporte feito por profissionais treinados garante a estabilidade da vítima.

Como funciona a Amamentação

O mamilo e a área mais escura que o rodeia chama-se aréola mamária. Na aréola encontram-se as pequenas glândulas chamadas glândulas de Montgomery que segregam um fluido oleoso para manter a pele saudável.
Dentro da mama estão os alvéolos que são pequeninos sacos feitos de células secretoras de leite. Há milhões de alvéolos - a figura mostra apenas alguns deles.


Uma hormonio chamada prolactina faz com que estas células produzam leite. Em torno dos alvéolos há celulas musculares, as células mioepiteliais, que se contraem e expulsam o leite para fora dos alvéolos. Uma hormona chamada ocitocina provoca a contracção dessas células musculares.
Pequenos tubos ou ductos levam o leite dos alvéolos para o exterior. Sob a aréola, os ductos tornam-se mais largos e formam os seios galactóforos, onde o leite é colectado em preparação para a mamada. Os ductos tornam-se outra vez mais estreitos à medida que passam através do mamilo.
Os alvéolos e os ductos estão rodeados por tecido de sustentação e gordura. A gordura e o tecido de sustentação é que dão a forma à mama e fazem a maior parte da diferença entre uma mama grande e uma pequena. Tanto as mamas grandes como as pequenas contêm a mesma quantidade de tecido glandular e podem produzir uma grande quantidade de leite.

Quando um bebé mama, impulsos sensoriais vão do mamilo para o cérebro. Em resposta, a parte anterior da hipófise na base do cérebro segrega prolactina. A prolactina vai através do sangue para a mama, fazendo com que as células secretoras produzam leite.
A maior parte da prolactina está no sangue cerca de 30 minutos após a mamada - o que faz com que a mama produza leite para a mamada seguinte. Para esta mamada, o bebé mama o leite que já está na mama.


Ou seja, quanto mais o bebé suga, mais leite é produzido.
- Mais prolactina é produzida à noite; portanto, amamentar durante a noite é especialmente importante para manter a produção do leite.
- A prolactina faz com que a mãe se sinta relaxada e algumas vezes sonolenta; logo, geralmente a mãe descansa bem, mesmo amamentando durante a noite.
- A prolactina suprime a ovulação; assim, a amamentação pode ajudar a adiar uma nova gestação, sobretudo se a amamentação for praticada também durante a noite.

Quando um bebé suga, impulsos sensoriais vão do mamilo para o cérebro. Em resposta, a parte posterior da hipófise na base do cérebro segrega uma hormona chamada ocitocina.
A ocitocina vai através do sangue para a mama e produz a contracção das células, musculares ou células mioepiteliais, em torno dos alvéolos. Isto faz com que o leite colectado nos alvéolos flua através dos ductos para os seios galactóforos. Chama-se a isto reflexo da ocitocina ou reflexo de ejecção.
A ocitocina é produzida mais rapidamente que a prolactina. A ocitocina faz com que o leite que já está na mama flua para esta mamada. A ocitocina pode começar a actuar antes que o bebé sugue, quando a mãe está preparada para amamentar.
Se o reflexo da ocitocina não funciona bem, o bebé pode ter dificuldade em receber leite. Pode ter-se a impressão que as mamas deixaram de produzir leite. De facto as mamas continuam a produzir leite, mas este não flui.
A ocitocina provoca a contracção do útero no pós-parto, o que ajuda a reduzir as perdas de sangue, para além de acelerar a involução uterina. Por vezes, nos primeiros dias aparecem dores uterinas, o que podem ser bastante fortes, e também pequenas perdas de sangue.

A produção do leite materno é também controlada dentro da própria mama. Existe uma substância no leite materno que pode diminuir ou inibir a produção de leite. Se muito leite é deixado na mama, o factor inibidor faz com que as células deixem de produzir leite. Isto ajuda a proteger a mama dos efeitos desagradáveis de uma produção de leite exagerada. A inibição da produção de leite é, obviamente, necessária se o bebé morre ou pára de mamar por alguma razão. Se o leite materno é removido, o factor inibidor também é removido. Então a mama produz mais leite.

quarta-feira, 14 de março de 2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Nação Rivotril

O Brasil é o maior consumidor de Rivotril do mundo. Saiba como um calmante tarja preta tem sido usado para aplacar os sentimentos ruins de jovens, trabalhadores e donas de casa



Todo mundo tem um refúgio a que costuma recorrer para aliviar o peso dos problemas. Pode ser um lugar tranquilo, talvez a praia. O pensamento em uma pessoa querida. Uma extravagância, como compras ou aquele prato proibido pelo médico.

Ou pode ser o armarinho de remédios de casa.


Na farmácia não se encontra produto descrito como "paz em drágeas" ou "xarope de paz". Mas muita gente acha que é isso o que deveria dizer o rótulo do Rivotril, um ansiolítico (ou, popularmente, um calmante). Rivotril é prescrito por psiquiatras a pacientes em crise de ansiedade - nos casos em que o sofrimento tenha causa bem definida. Mas tem sido usado pelos brasileiros como elixir contra as pressões banais do dia a dia: insônia, prazos, conflitos em relacionamentos. Um arqui-inimigo dos dilemas do mundo moderno.

Tanto que o Brasil é o maior consumidor do mundo em volume de clonazepam, o princípio ativo do remédio. Serão 2,1 toneladas em 2010, o que coloca o Rivotril no topo das paradas farmacêuticas daqui. É o 2º remédio mais vendido no país, à frente de nomes como Hipoglós e Buscopan Composto - em 2004, era o 4º da lista. Só perde agora para o Microvlar, anticoncepcional com consumo atrelado à distribuição pelo governo via Sistema Único de Saúde (SUS).

E olhe que o Rivotril é um remédio tarja preta. Só pode ser comprado na farmácia com a receita do médico em mãos. "A maior parte das vendas desse medicamento acontece via prescrição. Mas muitos conseguem o remédio com receita em nome de outros pacientes ou até pela internet", afirma Elisardo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Unifesp. Em alguns casos, até há a prescrição - mas de um médico não especialista, segundo Alexandre Saadeh, professor do Instituto de Psiquiatria da USP. "Ginecologistas costumam prescrever Rivotril para pacientes que sofrem fortes crises de TPM", diz. Até porque poucos brasileiros vão ao psiquiatra, de acordo com a Roche, laboratório responsável pelo Rivotril. "Grande parte dos brasileiros tem dificuldade de acesso a psiquiatras, e isso está relacionado à prescrição do Rivotril por médicos não especialistas", afirma Maurício Lima, diretor-médico da Roche.

Foi assim, por via não ortodoxa, que a popularidade do Rivotril cresceu. Não é difícil ouvir donas de casa recomendando o remédio a uma amiga que tem tido problemas para dormir. "Quem nunca ouviu que uma tia ou uma vizinha toma Rivotril há 20 anos e só dorme com isso?", pergunta o professor de psiquiatria do curso de medicina da PUC de São Paulo, Carlos Hubner. Ou achar relatos do tipo "Rivotril é meu melhor amigo" no Orkut e no Facebook. Nessas histórias, o Rivotril aparece sempre como um freio para sentimentos como medo, rejeição, angústia, tristeza e ansiedade. "Houve Big Brother em que eu estava com muita ansiedade e usava Rivotril para entrar no ar", disse Pedro Bial em entrevista à revista Playboy. O remédio tem sido usado até para cortar o efeito de outras drogas, segundo o psiquiatra André Gustavo Silva Costa, especialista em tratamento de dependentes químicos. "Jovens têm tomado o Rivotril para cortar o efeito de drogas como cocaína. Eles querem dormir bem para conseguir trabalhar no dia seguinte", diz.

O que é que o Rivotril tem?
Mas que mágica é essa? Quando somos pressionados, algumas áreas do cérebro passam a trabalhar mais. Vem a ansiedade. O Rivotril age estimulando justamente os mecanismos que equilibram esse estado de tensão - inibindo o que estava funcionando demais. A pessoa passa a responder menos aos estímulos externos. Fica tranquila. Ainda que o bicho esteja pegando no trabalho, o casamento indo de mal a pior e as contas se acumulando na porta. É essa sensação de paz que atrai tanta gente. Afinal, a ansiedade traz muito incômodo: suor, calafrios, insônia, taquicardia... "Muitas vezes o sofrimento se torna insuportável. O remédio é valioso quando o paciente piora", diz Silva Costa. Para a carioca Bruna Paixão, de 32 anos, funcionou. "Um dia tomei uma bronca do meu chefe e fiquei péssima. Só pensava nisso. Aí resolvi tomar Rivotril para dormir. Tinha uma caixa em casa, dada por um amigo médico. Assisti um pouco de TV, conversei com um amigo no telefone e fui ficando bem", diz.

Justamente por trazer essa calma toda, o Rivotril não é recomendado a qualquer um. Seu consumo por profissionais que têm de se manter ágeis e em estado de alerta - como pilotos de avião e operadores de máquinas, por exemplo - é desaconselhado por médicos. "O Rivotril dá a falsa impressão de que a pessoa produz mais, mas a verdade é que o remédio só deixa mais calmo", diz José Carlos Galduroz, psiquiatra da Unifesp.

Não é só com o Rivotril que isso acontece. Os calmantes da família dele - os chamados benzodiazepínicos - têm o mesmo papel. São remédios como Lexotan, Diazepam e Lorax. Em parte, o Rivotril ficou famoso ao pegar carona na onda dos "benzo". Eles surgiram na década de 1950, e logo viraram os substitutos para os barbitúricos, como o Gardenal. Os barbitúricos têm indicação semelhante à dos benzo. Mas são mais perigosos: a linha entre a dosagem indicada para o tratamento e aquela considerada tóxica é muito tênue. A mais famosa vítima dos excessos de barbitúricos foi Marylin Monroe (embora haja dúvidas sobre o envenenamento acidental da atriz). Quando surgiram os benzodiazepínicos, o mundo achou um combate mais seguro à ansiedade. "Uma overdose de remédios como o Rivotril é praticamente impossível", diz Saadeh, da USP.

É verdade, o Rivotril tem berço, vem de uma família benquista pelos médicos. Isso já garante uma popularidade. Mas ele tem uma vantagem extra em relação aos parentes. Seu tempo de ação é de, em média, 18 horas no organismo, entre o início do relaxamento, o pico do efeito e a saída do corpo. É o que os médicos chamam de meia-vida. "A meia-vida do Rivotril é uma das mais confortáveis para o paciente, porque fica no meio-termo em relação aos outros remédios para a ansiedade e facilita a adaptação", diz Saadeh. Na prática, esse meio-termo significa que o efeito do Rivotril não termina nem cedo demais - o que poderia fazer o paciente acordar de uma noite de sono já ansioso - nem tarde demais - o que não prolonga a sedação por um período maior que o desejado.

No Brasil, o Rivotril tem ainda outra vantagem importante. Repare: somos os maiores consumidores mundiais do remédio, mas estamos apenas na 51ª colocação na lista global de consumo de benzodiazepínicos. Ou seja: o mundo consome muitos benzo, nós consumimos muito Rivotril. Por quê? Por causa do preço. Uma caixa de Rivotril com 30 comprimidos (considerando a versão de 0,5 miligrama) custa em torno de R$ 8. O principal concorrente, o Frontal, da Pfizer, custa cerca de R$ 29.

Tudo isso faz o pessoal se esquecer da tarja preta do remédio. Mas ela está lá por um motivo, é claro. E esse motivo é o risco de dependência.

O risco é o mesmo visto em outros benzodiazepínicos. São dois, aliás. O de dependência química e o de dependência psicológica. Na química, o processo é parecido com o gerado por drogas como álcool e cocaína. O uso prolongado torna o cérebro dependente daquela substância para funcionar corretamente. A outra dependência é a psicológica. A pessoa até para de tomar o remédio, mas mantém uma caixa sempre no bolso como precaução. "Cerca de 80% das pessoas que usam benzodiazepínicos ficam dependentes em 2 ou 3 meses de uso", diz Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, de São Paulo. "E a maioria tem sídrome de abstinência se o remédio for tirado de uma hora para outra."

Em casos mais graves, a abstinência pode levar o paciente a uma internação. A pessoa pode ver, ouvir e sentir coisas que não existem, apresentar delírios (como ser perseguida por extraterrestres), agitação, depressão, apatia, entre outros sintomas. E para cortar a dependência? "O paciente precisa querer parar. Há drogas que tratam os sintomas da abstinência em no máximo 4 semanas", afirma Carlo Hubner, da PUC. Livrar-se do Rivotril é duro porque é preciso enfrentar todos os fantasmas de que o paciente queria se livrar quando buscou o remédio. Afinal, o remédio só esconde os problemas. Eles continuarão lá, à espera de solução. O verdadeiro adeus é o momento em que se aprende a lidar com a ansiedade. Sozinho. Ou talvez com uma passadinha rápida na praia. Pensando no namorado. Ou com a ajuda daquela lasanha (bem gorda).